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Não é o tempo cronológico que conta e sim os grandes entretempos que eu vivi. Pequenos ou grandes. Eu digo grandes no sentido intensivos. Pode ser uma pesca num lago, pode ser um traçado que você conseguiu fazer, um poeminha rápido, ou quando você passou e viu uma beleza passar. É ótimo, basta. É uma coleção, quanto mais - esse é ponto de vista ético- quanto mais entretempos você tiver, mais ética e mais forte foi sua essência singular, mais interessante. É nesse sentido, porque senão nós vamos enveredar numa analítica sem fim. Eu tenho que puxar sempre as perguntas, minhas respostas, que é pra vocês criarem uma dicotomia na cabeça, dicotomia meramente nominal porque o intensivo e o extensivo, não que sejam ontologicamente separados, não é isso, mas os encontros intensivos passando, enrolando, serpenteando os encontros extensivos como entretempos que tornam suportável o fato de existir. Senão, você é o cronômetro da burocracia, é a pulsação cronometrada e não a intensidade que faz viver.
Não se trata de um desprezo a quem é condenado a trabalhar e a viver apenas na extensão das obrigações. Um pobre diabo? Sim. Fodido da vida, uma merda. Mas ele também só vai se salvar, pra Spinoza, no céu da natureza inteira, se ele tiver entretempos. Como a arte é muito competente para explorar os entretempos, tem razão o pessoal que cria esses intervalos, digamos estéticos, aqui. Todo lugar você precisa do intervalo estético. Porque já que é difícil conviver com os outros, e encontrar nos encontros com os outros os entretempos, então que pelo menos a arte nos salve, nos crie esses entretempos. Então, a arte, ela é morticida. Ela mata a morte.