Vacuidade em Poucas Palavras

A ideia era falar de vacuidade em termos do Caminho do Meio, numa série de videos. Mas alguém perguntou, e então fiz esse video mais curto.
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[@angelapaes3357]

Sua exposição foi impecável. Um assunto profundo e complexo. Você soube transmitir com uma clareza sem igual. Muito bom mesmo. Obrigada.

[@jessicap.636]

Vim em busca de mais conhecimento após uma leitura densa. Gratidão 🙏

[@ericoluan2140]

Estou lendo o livro "O que faz você ser budista" do Dzongsar Jamyang Khyentse, e esse vídeo me ajudou muito a ter uma noção ( ou chegar próximo) sobre o que é a vacuidade. Sem dúvida um dos melhores vídeos do canal! Muito obrigado!

[@lua5589]

Nossa, que surpresa! Eu adorava ler teu blog e não sabia que tinhas um canal! Que surpresa boa! Coloquei aqui sobre vacuidade e que felicidade tive!

[@jorgeikeda3261]

Gratidão pela fluidez de tuas palavras. Inspiro esta dissonância cognitiva acerca da vacuidade que reverbera livremente através destas unidades de espaço. E expiro....

[@Alefenobrega]

Adorei seu videi!!!

[@ricardoalmaleh4600]

Excelente, gratidão

[@borgestunetak3687]

Muito esclarecedor seu vídeo, me ajudou a compreender esse conceito que, confesso, me perturbava bastante.

[@thiagobispo5782]

Estou assistindo seus vídeos e tô adorando. Gratidão imensa!

[@eusouaprendiz7378]

Obrigada por compartilhar seus conhecimentos 🙏 Ainda que sejam tão complexos 😅 Gente, que difícil! Um dia ainda vou entender rs.. será que a gente não consegue entender ou explicar exatamente (a gente = eu) por uma carência de "conceitos"? Tá certo que conceituar acaba deturpando o sentido... difícil. Enfim, penso que é aquela coisa de ir por graus, os degraus da escada. Como uma criança pequena entenderia uma explicação sobre raiz quadrada ou sobre como funciona o Complexo de Golgi? Tem adulto que não entende rs... Ainda preciso crescer muito. Sigo caminhando.

[@alonedassassinlol4540]

Li em um livro sobre isso e não entendi, agora com esse vídeo foi esclarecedor, obrigado

[@JOSEMARCELO01]

Obrigado 🙏

[@AlexandreBitar]

Ótimas explicações😊

[@marcosrogerio3227]

Obrigado por esmiuçar o significado da vacuidade sob vários pontos de vista. Poderia também indicar alguns livros em português que explicam sobre a vaicudade? Grato!

[@Tendrel]

amzn.to/2G7Dgef Mas o ideal é apenas estudar textos e comentários de textos raiz depois de receber ensinamentos em pessoa de um professor qualificado.

[@marcosrogerio3227]

@@Tendrel entendi! Muito obrigado!🙏

[@heloisalima7116]

Oiê! 🙂 Não entendi pq o "eu" não tem existência relativa e os fenômenos têm. Não podemos dizer que os "eus" por aí tem existência relativa, os "outros" veem como "ele", impermanentes, insatisfeitos e sem essência? Vc poderia me explicar melhor? No meu raciocínio, os "eus" tbm dividem uma intersubjetividade... Por mais que varie o olhar de cada um. Valeu :)) E parabéns por todos os vídeos, muito bons!

[@Tendrel]

Bom, esse é o ensinamento do madhyamaka, caminho do meio, que é a raiz de todo o budismo tibetano, independente de escola. Então você tem que ver a partir de que lugar você está tentando argumentar. Se você é uma pessoa que tomou refúgio no caminho budista, o argumento é um, se você não tomou refúgio, o argumento é outro. Se você tomou refúgio, o mais adequado é pensar "tem algo aí que eu não entendi ainda", e não sobrepor uma visão sua ao darma. Mentes e corpos têm existência relativa. Os cinco skandhas têm existência relativa. No entanto, parte do argumento chave de Chandrakirti sobre ausência de eu é como os skandhas não são uma base de designação adequada para a palavra "eu". Esse argumento está presente no cânone páli, mas ele não é desenvolvido de forma perfeitamente clara até Chandrakirti. Seres insatisfeitos, impermanentes e sem essência existem relativamente, mas as narrativas e justificativas que eles criam sobre si próprios, e o apego que eles tem a essas narrativas, não existem nem mesmo relativamente. Em outras palavras, não se configura um "eu" em lugar nenhum senão em termos do apego e da ignorância. E no caso essa ignorância não é uma ignorância mais geral com relação a natureza real das coisas, em termos de vacuidade, é um erro menor ou mais mesquinho, como assumir a existência de unicórnios ou de um personagem completamente fictício, como Sherlock Holmes. É um engano completo, não é meramente não ver a natureza real das coisas, é a até mesmo ver distorcidamente a natureza falsa das coisas -- como assumir que um vidro de pílulas de arsênico é um vidro de aspirina. É um erro duplo. Embora o arsênico exista relativamente, a aspirina, naquele vidro, não existe nem mesmo relativamente. Quando se diz que se "tomou a aspirina", não é o caso de que a aspirina exista relativamente no arsênico. O arsênico existe relativamente, e a pessoa tomou arsênico, nunca houve, neste caso, aspirina em momento algum. O engano de tomar o arsênico como uma substância realmente existente, além da relatividade, tem a ver com o entendimento da vacuidade. O engano de tomar o arsênico como sendo aspirina, esse engano é semelhante ao engano de ausência de eu, com o agravamento que, ao assumir a aspirina, não só se assume algo errado sobre a aspirina, a saber, o fato de existir realmente e não relativamente, mas a base de designação (arsênico) não corresponde a função e ao nome correto, e sim, surge sobre a função e nome de "aspirina". O "eu" é um engano desse segundo tipo, enquanto o apego a existência real das coisas é um erro do primeiro tipo. Quando a pessoa fala "eu sou Napoleão" (e por acaso ela não é Napoleão), aí tem três erros, mas ela se dizer Napoleão não é essencialmente diferente dela se achar um "eu", são três erros, mas dois erros do mesmo tipo, a saber, usar o pronome eu e se considerar o imperador da frança. tzal.org/ausencia-de-eu/ eu já escrevi e falei sobre o tema ausência de eu em inúmeros vídeos. Mas a dica é: se você se interessa em tomar refúgio, ou já tomou refúgio, você precisa saber as visões que o darma representa. A partir disso, não que você precise aceitar cegamente, mas você precisa examinar a partir do entendimento de que se isso é darma ou não é.

[@heloisalima7116]

Hmm tá bom, entendi! Obrigada! Não tava olhando pra palavra "eu" com muita essência e individualidade hehehehe como realmente ela significa Valeu! 😎

[@rafaellacerda1076]

Sensacional. Mas te faço uma pergunta, existe a diferença entre perceber o fenômeno da vacuidade em detrimento da compreensão intelectual desse mesmo fenômeno, eu compreendo intelectualmente o fenômeno da vacuidade e por isso te faço a seguinte pergunta: O que é esse fenômeno que cria coisas que são interdependentes e por isso vazias de natureza auto-existente?

[@Tendrel]

Se vc entende vacuidade, vc deve saber que Nagarjuna disse 'nada nunca foi criado em lugar algum'. Sem entender isso, não se entende vacuidade. O que é normal. SS o Dalai Lama disse que ainda está tentando. Que ele ainda não tem uma compreensão intelectual perfeita da vacuidade. E claro, compreender a vacuidade é parecido com o desenho de uma lâmpada. Pode ser perfeito, mas não funciona como uma lâmpada e não ilumina nada. Então compreender a vacuidade é bem diferente de realizar a vacuidade. Mas é importante compreender a vacuidade, e ajuda ter um professor que não permita que a pessoa assuma entendimentos que não tem, ou que chame de vacuidade um entendimento totalmente diferente. O desenho é de um pato, mas a pessoa diz que vê uma lâmpada.

[@angelachagas4693]

Como ser budista morando num lugar sem sanga? Faz um video sobre

[@Tendrel]

Todo mundo no budismo precisa viajar para fazer eventos e conhecer professores. O meu vídeo "budista de internet" fala um pouco sobre as pessoas que precisam que o dharma vá até elas ou esteja disponível na esquina. Pelo menos a gente tem veículos... No tibete as pessoas caminhavam semanas sem parar para encontrar os ensinamentos. Não era todo vilarejo que tinha um professor qualificado ou um mosteiro por perto.

[@conhecimentovivo6452]

Um objeto fisico, por exemplo uma mesa, existe enquanto houver pelo menos uma pessoa para reconhece-la?

[@Tendrel]

Não. Isso é idealismo berkeleyano mal interpretado, não tem nada desse tipo no budismo.

[@conhecimentovivo6452]

Tendrel A mesa existiria de qq maneira entao, independente de existir o observador? A questao da vacuidade entao vira pro fato de que existindo um observador esse nunca conseguiria conhecer a mesa em si, mais num estilo Kant? “By the way” nao pensei em Berkeley na primeira... duvida original mesmo :)

[@Tendrel]

A mesa não "existe" de nenhuma forma definitiva. O conceito metafísico de existência é autocontraditório. A mesa parece existir devido a causas e condições, sendo uma dessas causas e condições a mente do observador e o conceito -- quando você fala "mesa", no caso, isso é uma aparência humana, que é onde se come, faz reunião, sei lá. Para um cupim, é comida. Outras causas e condições, outro objeto, com causas e condições comuns (nós entendemos o cupim, ele talvez não nos entenda), o objeto é partilhado -- essas causas e condições envolvem mente, mas não apenas. Não é Kant porque não tem nada para conhecer fora a aparência mesmo, é só aparência, sem existência, sem surgimento -- só aparência de surgimento. "As coisas não são [apenas] o que parecem, mas não são qualquer outra coisa [são apenas o que parecem ser]." No budismo as coisas são conhecíveis como realmente são, porque elas só são isso mesmo, nenhuma coisa-em-si do outro lado do espelho. Conhecer que as coisas não possuem nem podem possuir coisa em si é conhecer elas em tudo que elas são, isto é, meras aparências, causas e condições interdependentes, sem nenhum tipo de "existência". Ou, ainda, se a pessoa quer usar a palavra "existência", então é só tirar o conteúdo metafísico dessa palavra, isto é, ela significa apenas "aparecer por causas e condições interdependentes, sem solidez, sem reificação, sem coisa em si, sem ente enquanto ente, sem 'realmente existir'".

[@Tendrel]

Eu não recomendo esse centro que vc menciona no seu último comentário. Recomendo que você busque o Odsal Ling, da lama tsering, e não perca tempo com esse pessoal. qq coisa me escreva [e-mail]

[@birnayt]

Uma dúvida, a vacuidade só se aplica em percepção, principalmente da realidade relativa? Tipo se não tiver convencionalmente uma consciência em um sala com uma mesa então a mesa e a sala não existem, por enquanto, porque colapsa a realidade relativa? Obrigado pelo vídeo!

[@Tendrel]

Não. O nome dessa ideia é "idealismo berkeleyano", e mesmo ela não é bem assim. Isso não existe no budismo. Vou ignorar o uso das palavras relativo e convencional, porque aqui estamos as usando num sentido estritamente técnico, que provavelmente você ainda não entendeu.

[@birnayt]

@@Tendrel Ah sim, a respeito do uso de relativo eu tinha entendido que se eu não usasse "realidade relativa" então eu já estaria dizendo algo que nem existe, tipo a sala e a mesa, achava que só existe realidade relativa e a convencional, isso eu entendi de outro artigo que li.

[@Tendrel]

Convencional NÃO é um modo de existência. Relativo é tudo aquilo que é interdependente, isto é, vazio.

[@SrValeriolete]

No meu entendimento nada muda, continua tendo mesa e sala, porém o que é uma mesa ou uma sala sem uma consciência pra discriminar uma mesa e uma sala? Uma mesa é um conceito de uma mesa, envolve um uso específico, uma forma, a cor, o material, isso tudo tem que ser discriminado por uma consciência pra especificar a ideia de mesa. Sem uma consciência não dá nem pra apontar onde a mesa começa e onde a mesa termina, qual a cor dela. Uma coisa que me ajudou a entender o conceito de vacuidade é imaginar o mundo fora de um ponto de vista da consciência, percebe que sem uma consciência discriminativa não dá pra dizer onde começa uma coisa e termina outra? Não há coisa. Não há escala, não há ponto de vista, não há nem mesmo tempo e espaço. A cor é um bom exemplo, cores surgem quando um certo fenômeno físico interage com uma consciência, não existe uma cor na natureza por conta própria. Você poderia dizer, que existe o comprimento de onda, mas o comprimento de onda é também um modelo que depende de uma consciência pra ser compreendido. O que realmente é, está além de qualquer definições, além até mesmo das nossas noções de existir ou não existir. O segundo ponto seria perceber que essa ideia do que realmente é é também um conceito que surge de uma concepção da consciência. Ainda assim podemos dizer que as coisas existem de maneiras relativas umas às outras. O que não quer dizer que as coisas dependam da consciência para se manifestarem, o mundo continua lá, os minerais continuam interagindo, por exemplo, mas não há minerais ou interação, é um estado indefinido, sem conceitos, definições, limitações, etc.

[@yggdrasillbr1180]

Caro Padma Dorje; A vacuidade seria a esssencia primordial de todos os fenomenos, incluindo a mente e a consciencia? A vacuidade, em sendo essencia, existe por si so?

[@Tendrel]

Não, a própria vacuidade também é vazia. A vacuidade é uma característica essencial dos fenômenos (no sentido de que eles necessariamente a tem, embora ela seja a ausência de uma característica, e não a imputação de uma característica), ademais, essa característica é justamente que eles são totalmente desprovidos de essência. Como também a própria vacuidade. Ela é também vazia, sem essência. O sutra do coração claramente diz que consciência é vacuidade, etc.

[@yggdrasillbr1180]

@@Tendrel A consciencia seria entao algo instrinseco a todos os fenomenos?

[@Tendrel]

Não. não sei de onde vc tirou uma conclusão como essa. não faz sentido, de acordo com o que eu falei no vídeo ou nas minhas respostas a ti.

[@yggdrasillbr1180]

@@Tendrel Obrigado pela sua resposta