Argumento Ontológico (Anselmo de Cantuária e Alvin Plantinga)

Vídeo do Webinário sobre Apologética do Canal Teodidatas, no qual o Professor Xavier trabalha o argumento ontológico, na forma como apresentado por Anselmo de Canutária e Alvin Plantinga.
- O argumento ontológico de Anselmo de Cantuária (século 11):
(1) Deus é aquele a respeito de quem não se pode conceber nada maior.
(2) Existir na realidade é mais grandioso do que existir apenas na mente.
(3) Se Deus existisse apenas na mente, e não na realidade, seria possível conceber algo maior do que Deus.
(4) No entanto, (3) é absurdo, já que Deus, por definição, é aquele a respeito de quem não se concebe outro maior.
(5) Logo, Deus existe.
- Críticas:
a. "A Ilha de Gaunilo"
- Resposta: Gaunilo trabalha com uma ideia que não tem valores máximos intrínsecos, e cuja apreciação depende da subjetividade. Uma ilha sempre poderá ter mais palmeiras, e alguns podem preferir uma ilha deserta enquanto outros, uma ilha com resorts de luxo. As excelências de Deus, no entanto, têm valores máximos intrínsecos compreensíveis (por exemplo, quanto à onisciência: conhecer todas as proposições verdadeiras é algo que podemos compreender, embora nenhum de nós alcance este conhecimento, e não há como superar em quantidade este conhecimento).
b. "Um 'leão' necessário"
- Resposta: É possível conceber muitos mundos nos quais um leão não exista (como no caso de um universo constituído de uma singularidade de curvatura, densidade e temperatura no espaço tempo-infinito), mas Deus, como o concebemos, facilmente poderia existir num mundo assim.
c. Kant: existência não é predicado
- Resposta: o argumento pode ser pensado, como Plantinga o faz, à luz das excelências de Deus (atributos ou predicados), e não diante da simples afirmação da existência de Deus.
- Alvin Plantinga:
Segundo Plantinga, o argumento ontológico tenha sofrido objeções desde o seu início, nenhum filosófo conseguiu demonstrar com exatidão onde estaria o seu problema. Ele apresenta sua versão do argumento usando lógica modal e semântica dos mundos possíveis, pensando em Deus como um ser de grandiosidade máxima. ‪Grandiosidade máxima significa excelência máxima (propriedades como onipotência, onisciência e perfeição moral) em todos os mundos possíveis.
Plantinga postula que há um mundo possível em que a grandiosidade máxima está instanciada. ‪Se este mundo possível tivesse sido atual, então a proposição “não há qualquer ser onipotente, onisciente e moralmente perfeito” teria sido impossível.‬‬‬ Mas uma proposição impossível em um mundo possível é impossível em todos os mundos possíveis. ‪Isso porque possibilidade e impossibilidade lógica não variam de mundo possível para mundo possível. ‬‬‬Assim, negar a existência de um ser maximamente excelente (Deus) no mundo atual se torna, de acordo com Plantinga, uma impossibilidade lógica.
- Apreciação crítica:
1. ‪O argumento ontológico de Plantinga, se não prova cabalmente a existência de Deus (ele mesmo reconhece isso), ao menos mostra de forma irrefutável que o teísmo é possível, e que não existe absolutamente nada de contrário à razão ou irracional em sua aceitação.‬‬‬
2. ‪William Lane Craig entende que o argumento ontológico trabalha exatamente na força cumulativa de todos os argumentos teístas (teologia natural não deve ser concebida de forma linear). O projeto inicial de Anselmo (argumento único) não se concretizou, mas ele teve um insight que exerce uma força aglutinadora no âmbito da apologética. ‪Argumentos como o cosmológico, o teleológico e o moral apontam para a necessidade metafísica de Deus, e o argumento ontológico demonstra que essa necessidade metafísica é possível e racional‬‬
Mas, no final das contas, crer ou não em Deus é uma decisão do coração, um ato de fé (ainda que suportado por excelentes evidências e argumentos apologéticos).‬ ‬‬
Já mencionei que Pascal lhe chamou para uma aposta?
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[@Teodidatas]

Lembrando apenas que o Leonardo não conseguiu gravar o vídeo dele, e que o vídeo sobre os milagres ficará para um próximo momento...

[@genilsonsouza4694]

Parabéns professor top demais. ótima aula...tamu juntos

[@diposo]

professor não sei se entendi corretamente, qual a lógica por traz da necessidade? Este é o ponto da critica de Kant ?

[@VesarchThatsV]

Cara ainda estou bugado, mas vou entender

[@epistemelogos9838]

Uma pergunta: Como você responde ao argumento ontológico anti-cristão? Não sei se você já viu, mas ele é mais ou menos assim: Premissa 1: O argumento ontológico esta correto e um Ser de Máxima Grandeza (SMG), onipotente, onisciente e onibenevolente existe no mundo atual; Premissa 2: Salvar mais almas é melhor que salvar menos almas; Conclusão 1 (de P1 + P2): Um SMG só é um SMG se, e somente se, ele salvar a maior quantidade possível de almas; Premissa 3: Um ser onipotente pode salvar todas a almas (justificativa: salvar almas não é impossível ou ilógico e um ser onipotente pode realizar qualquer coisa que não seja impossível ou ilógico); Conclusão 2 (de P3 + C1): Um SMG só é um SMG se, e somente se, ele salvar todas as almas; Premissa 4: O Deus judaico-cristão não salva todas as almas; Conclusão (da contradição entre C2 e P4): O Deus judaico-cristão não é um SMG.

[@Teodidatas]

Plantinga já resolveu isso em “Deus, a Liberdade e o Mal”.

[@WesleySilva-jk4yy]

@@Teodidatas vc tem um raciocínio nervos de aço.

[@andreasj.muller-teologia7510]

Salvar almas só é bom se aquele que é salvo quiser ser salvo, do contrato seria uma imposição (e imposição não é bom), e esse “salvar” deixaria de ser “bom” e passaria a ser ruim. Logo tal argumento que se Deus não salva a maioria Ele não é supremo não condiz.

[@comovocesabefabioluiz8987]

Essa racionalização apriorística Ad hoc é ridícula. Teístas desejam que exista algo sobrenatural, um chefão celestial, um ditador super poderoso! 🤦🏻

[@diposo]

não entendi, qual racionalização não é apriorística ?

[@comovocesabefabioluiz8987]

@@diposo , fácil: quase todas! A racionalização ABDUTIVA, que visa determinar um dado probabilístico na conclusão, é um dos exemplos mais fáceis! Seriam tantos, que não caberiam aqui! Mais alguma dúvida?

[@diposo]

opa mto obrigado, claro tenho sim, para realizar um raciocínio abdutivo vc não precisa crer a priori na infalibilidade da mensuração, dos instrumentos, da sua cognição, abstrair as contingências, utilizar de ceteris paribus, acreditar que o observado irá se repetir ad eternum em todo lugar, que as leis não mudam, etc etc ?@@comovocesabefabioluiz8987

[@CANALPONDESINCERO]

Sl.14.1 😏