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Há dois conceitos-chave para entender a verdadeira tradição espiritual do Ocidente.
Em primeiro lugar, a ideia da perfeição, do princípio essencial das coisas, da harmonia das esferas pitagóricas, do ideal em sentido platônico.
Em segundo lugar, a ideia do mal, da imperfeição da realidade, da carência existencial que sofre o ser humano, por sentir-se excluído da perfeição.
Estes dois conceitos, um precedente da tradição egípcia e grega e o outro da tradição judaico-cristã, foram acrisolados na Alexandria dos primeiros séculos da era cristã e fecundaram as correntes dos pensamentos hermético, gnóstico e maniqueísta. Cada uma destas três correntes teve uma existência aleatória e desigual, contudo, o legado que deixaram, continuou a semear no Oriente e no Ocidente, uma inquietude interior que fustiga o ser humano e o leva a tentar transcender a realidade do mundo através do conhecimento de si mesmo e da autotransformação que isso possibilita.
O catarismo colheu, sem dúvida, o testemunho dessa semeadura na Idade Média. Seus ensinamentos supunham uma verdadeira revolução do pensamento religioso e abriram novas formas de espiritualidade que são válidas ainda hoje.
O Catarismo na tradição espiritual do Ocidente - Eduard Berga Salomó
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