No meu curso de Direito, o professor está trabalhando com o livro Aprender Antropologia de Françóis Laplantine. Nesse aspecto, gostaria de ver uma discussão a cerca do fato social total na visão de Marcel Mauss. Agradeço desde já!
@gtamus7 жыл бұрын
Kelvyo, é uma bela ideia. Estou preparando alguns roteiros para os próximos vídeos e farei um sobre fato social total. Valeu!
@dayanalelis68757 жыл бұрын
Estou estudando para o doutorado, e uma das bibliografias é sobre a noção de pessoa de Mauss, seu video me ajudou na reflexão dessa noção, mas gostaria que houvesse uma explicação maior por exemplo, entre pessoa e "eu". De todo modo, muito obrigada por sua contribuição!
@gtamus7 жыл бұрын
dayana lelis: obrigado! Vou pensar nessa questão e incorporá-la em um próximo vídeo. 👍🏻
@gtamus7 жыл бұрын
Se for o caso, escreva mais um pouco mais aqui sobre essa relação (para trocarmos mais ideias).
@dayanalelis68757 жыл бұрын
Por exemplo, Mauss faz uma distinção sobre a noção de pessoa e a noção de eu, tais nomenclaturas muitas vezes são usadas nos campos acadêmicos sem maiores reflexões sobre o termo. Por exemplo, temos nomenclaturas diferentes para pensar pessoa, eu, indivíduo, sujeito. Eu não olhei se você trabalha apenas com antropologia, mas discussões como indivíduo em Elias, e sujeito em Foucault enriqueceria tal debate. Vou dar uma olhada nos seus outros vídeos!
@gtamus7 жыл бұрын
Sim, você tem razão. Marcel Mauss está preocupado com as linhas gerais da escola durkheimiana, que consistem (além de fundar uma escola sociológica) em mostrar a gênese social das categorias do espírito. A influência kantiana é evidente nesse caso, como vários comentadores indicam. No caso da noção de pessoa, trata-se de compreender o "eu moderno" como uma representação coletiva. Em que consiste esse "eu moderno"? Em suma, trata-se de uma substância racional interiorizada que se desdobra em consciência psicológica. No caso dos estudos de Michel Foucault e Norbert Elias, penso que o primeiro está interessado particularmente nesse mesmo problema, isto é, na emergência da consciência racional como substância mesmo do humano - é exatamente esse o mote de As palavras e as coisas. Quando ele menciona "o fim do humano", cogita que o essa construção de um "duplo empírico-transcedental" tem prazo de validade. Nesse ponto, eu veria uma convergência significativa com o texto inaugural de Marcel Mauss, ainda que a investigação foucaultiana se dê por outras veredas. Em Norbert Elias, a grande questão é o controle das pulsões. Considero o trabalho de Elias monumental, em particular pelo trabalho com as fontes. Em termos de "sacada", porém, eu prefiro o livro de Albert Hirschman "As paixões e os interesses" (tem na internet). Por fim, os ensaios de Georg Simmel também são maravilhosos. O livro "Filosofia do Dinheiro" tem insights incríveis - ainda que contestáveis em alguns pontos porque se trata mais de um ensaio do que propriamente um estudo histórico, como no caso de Elias. Buenas, agradeço pelas questões e podemos seguir conversando!
@indhiragandhy5 ай бұрын
🤩
@canaltranstornadus74885 жыл бұрын
Assisto seus vídeos todos os dias. Tenho uma dúvida imensa. Estudando para uma prova, o professor me pede apenas: fale sobre unidade entre corpo e alma humanos, espiritualidade e imortalidade da alma, liberdade, potências além de hábitos e virtudes. Isso dentro da antropologia me tira o sono, não consegui encontrar nada. (?)
@gtamus5 жыл бұрын
Imensa a dúvida e a tarefa de respondê-la, Valdeci. Ao meu ver, o enunciado da questão estabelece a unidade corpo-alma - o que implica, simultaneamente, reconhecer a sua dualidade. Sob esse prisma, eu tenderia a contextualizar os problemas subsequentes (espiritualidade, imortalidade da alma, liberdade, etc.) dentro do quadro de pensamento "ocidental" (filosofia grega-helenística clássica e filosofia judaico-cristã). No artigo de Marcel Mauss sobre a noção de pessoa, esse quadro de pensamento pode ser tanto categórico, representacional e sentimental. Em outras palavras, pode-se tratá-lo como um problema ontológico, social ou psicológico. Como o enunciado da questão que vc evoca parece postular a unidade corpo-alma, seria o caso de um problema ontológico. Para esses casos, o melhor remédio é a Filosofia (Platão e Aristóteles são as escolhas de base, mas você pode recorrer a Santo Agostinho e Kant). A Antropologia Cultural trabalha mais no sentido de relativizar concepções ontológicas com pretensões universalistas e de compreender a diversidade e as variações das formas das representações e sentimentos de corpo e pessoa. É provavelmente por isso que vc está com dificuldades de encontrar respostas na Antropologia escrita por antropólogos... As áreas de Antropologia Filosófica e Antropologia Teológica, por outro lado, certamente trarão algumas respostas para você.
@canaltranstornadus74885 жыл бұрын
@@gtamus grato. Vou seguir sua orientação. Abraço
@yazii---70496 жыл бұрын
Opa tudo bom? Excelente vídeo,adorei e vai me ajudar muito,poderia me ajudar com 4 dúvidas que tenho,desde já agradeço 1-como se da a relação de troca na sociedade primitiva? 2-qual o papel da antropologia para os estudos sobre cultura 3-o que é tribo na concepção de Marcel Mauss 4-pq o nome da obra é "dádiva"?
@gtamus6 жыл бұрын
1) Não utilizamos mais o termo "sociedade primitiva" em Antropologia. Trata-se de um termo datado, que remonta aos evolucionistas sociais do século XIX. Isso dito, as trocas nas sociedades atuais e de outrora podem se processar de diferentes maneiras. O princípio universal sugerido por Marcel Mauss é o da reciprocidade: na troca, dá-se e recebe-se em troca. Caso a retribuição não se dê imediatamente (ou caso uma das partes pressinta um desequilíbrio nos termos da troca), dá-se a experiência simbólica da "dívida", que é a inclinação para desfazer o desequilíbrio experimentado pela partes. Em princípio, essa relação não precisa ser regulada por normas externas (contrato, obrigação legal, etc.). Para Mauss, a lógica da reciprocidade é um princípio básico de coesão social e de organização das relações de interdependências - e, por consequência, das concepções de pessoa. 2) A gênese do conceito de cultura e a formação da Antropologia como ciência humana andam juntas. Em alguns momentos, a cultura aparece como objeto de pesquisa para antropólogos (é o caso de Edward Tylor e Franz Boas), mas isso não é uma regra. Em Clifford Geertz, há uma ressurgência do conceito de cultura como objeto de pesquisa, mas agora em termos semióticos. A cultura seria um sistema simbólico - e não mais uma coleção de produções e práticas humanas). 3) Não creio que "tribo" seja um conceito ou noção significativa em Marcel Mauss. Ao meu ver, seria no máximo um termo descritivo de alguns grupos humanos. 4) "Dádiva" foi o termo escolhido pelos tradutores lusófonos para a palavra "don", em francês. "Don" é o substantivo do verbo "donner" (dar, em português). Uma tradução alternativa seria "doação", mas creio que os tradutores escolheram dádiva para dar um tom mais acadêmico - ou, talvez, para escapar das noções jurídicas e religiosas relacionadas a essa palavra em português.