Antes de fazer aulas de tango, fiz aulas de forró durante dois anos, numa escola de forró pé-de-serra tradicional em São Paulo, com módulos muito bem estruturados em 4 níveis de aprofundamento. E algo que uma das professoras mais antigas e experientes observava e a gente ia percebendo na prática que era verdade, era o seguinte: nos primeiros dois níveis, as damas evoluem muito mais rapidamente que os cavalheiros. Nessas etapas, essa "desenvoltura natural da mulher" para dança é explorada ao máximo, com resultados positivos. A intuição, o se deixar levar, dão conta do recado em larga medida. A partir do terceiro nível as damas passam a sentir mais dificuldade, pois os passos se tornam mais elaborados, exigindo maior conhecimento técnico. Só que nesse ponto, o cavalheiro já se encontra mais seguro com a questão da técnica, com a qual teve que lidar e superar (com muito sufoco!) desde o início. A partir de então ele está livre para "sentir a dança" e passa a apreciar (e optar por) uma dama que possa acompanhá-lo nisso -- o que já não será tão simples se nós não buscarmos nos aprimorar sempre. Moral da história para as mulheres: nunca subestime um cavalheiro iniciante, por mais desajeitado que seja! É uma questão de tempo (se ele persistir) para que ele supere os obstáculos e se torne um parceiro disputado no salão. :) (Sou testemunha ocular de vários casos desses!)
@Tangobrasil8 жыл бұрын
+Sandra Alencar (Salenka) Excelente sua colocação, Sandra. Por isso falava que é bastante comum que hajam períodos do aprendizado em que um ou outro sintam mais dificuldade. Te conto que, no nosso caso, eu tinha muito mais dificuldade no começo tal qual você falou. Porém, no nossos últimos anos em Buenos Aires, a Karina sentia um pouco mais isso. E até hoje já passamos por alguns ciclos como esse. Eu diria que é como se houvessem pequenos degrauzinhos que a gente vai escalando e sentimos realmente o resultado só depois que passamos. Mas independentemente de não sentirmos resultados todo o tempo, valorizar o processo e criar uma disciplina de aprendizado pode levar longe. Além disso, vale a pena lembrar, como disse a Nati do @redemunhando no vídeo anterior, que podemos fazer o tango tão fácil ou difícil quanto queiramos. Nesse sentido, acredito que fica tudo muito mais fácil quando nos focamos na base e damos tempo ao tempo para chegar a movimentações mais avançadas (aliás, uma caminhada pode ser tão elaborada quanto a sua imaginação permitir...). Um grande abraço, Kiraly Garcia