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Na nossa visita à ilha das Flores tivemos a oportunidade de conversar com o Sr. Hélder Silva, proprietário do restaurante “O Moreão” em Santa Cruz das Flores, que confecionou para o nosso projeto um caldo de peixe à moda das Flores, uma receita saudável e nutritiva, extremamente rápida, que fica pronta em pouco mais de 30 minutos, na qual podemos degustar algumas das espécies de peixe que proliferam nas águas açorianas como sejam o Cherne, Dourado, Lírio e Peixe-cão.
Neste sentido, tivemos a oportunidade de escutar a história de vida, e as vivências da pesca, do nosso informante que, além de proprietário de um dos restaurantes de referência nesta ilha, é também um homem do mar.
O peixe faz parte da alimentação açoriana desde os primórdios do seu povoamento. O Homem busca o que de melhor a terra e, neste caso, o que o mar oferece. São vários os historiadores, exploradores e pesquisadores que ao longo dos séculos mencionam a relação do açoriano com as suas vivências no mundo piscatório, começando pelo historiador das ilhas, Gaspar Frutuoso, que na sua obra de referência “Saudades da Terra”, do século XVI, já menciona a proximidade das populações à atividade piscatória: “Depois de achada a ilha, mais de cinco anos, não havia homem que não tivesse hanzolo [anzol?]. Costumavam fazer uma isca grande de carne, amarrando a uma linha e atando a linha a uma vara de ginja, por não haver ainda canas de pesca nesta terra; desta maneira pescavam e era tanto peixe que então matavam e mais dele sem hanzolo, que agora com ele”.
Nas “Voyages géologiques aux Açores” de Ferdinand André Fouqué (1873), este autor refere as inúmeras espécies de pescado existentes nas águas açorianas “algumas são encontradas nesse ou naquele lugar, para o qual parecem atraídas ou pela exposição da costa, ou pela direção normal das correntes marinhas, ou por outras razões menos fáceis de avaliar. Deste modo, a tainha (Mugil chela) frequenta sobretudo o litoral setentrional de São Miguel; a moreia procura preferentemente os arredores da costa sul; o cherne (Polyprion cernue), que atinge umas grandes dimensões, aparece em fundos situados muito longe das ilhas. Os pescadores de São Miguel só saem à procura deste peixe durante a boa estação e quando o tempo está estável.
[…] muitos peixes aparecem só em determinadas alturas e chegam então em enormes cardumes. De entre estas espécies viajantes, uma das mais belas é o bonito. Estes escombrídeos aparecem aos milhares no início do outono. À sua frente deslocam-se em fuga cardumes de chicharros (Caranx trachurus) de ventre prateado e dorso cor de esmeralda, que fazem fervilhar a superfície da água” (FOUQUÉ:2019:127).
As ilhas dos Açores são palco, único, para apreciar a gastronomia confecionada com o produto marítimo, potenciando as tradições e os saberes-fazer culinários das comunidades do arquipélago, seduzindo os visitantes e os locais motivando-os a conhecer um pouco da história gastronómica dos açorianos.
Vídeo produzido no âmbito do trabalho de campo realizado pelo projeto TASTE - Taste Azores Sustainable Tourism Experiences.
TASTE é um projeto desenvolvido pelo CEEAplA (Centro de Estudos de Economia Aplicada do Atlântico) e pelo CHAM - Centro de Humanidades da Universidade dos Açores, com a colaboração da Direção Regional da Cultura do Governo Regional dos Açores e da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores.
Projeto financiado pelo PO Açores 2020 ACORES-01-0145-FEDER-000106.
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