Viver na ruas no feminino: violências gendradas e dispositivo amoroso

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Valeska Zanello

Valeska Zanello

3 жыл бұрын

Nos últimos anos, houve um acirramento da crise socioeconômica em nosso país, com aumento da taxa de desemprego , bem como uma precarização das políticas públicas de assistência e promoção social. Isso levou a um aumento do número de pessoas em situação de rua. Entre 2012 e 2020 esse aumento foi de 140 %. Homens são maioria nessa condição, mas o número de mulheres tem aumentado. Além disso, quase 70% das pessoas em condição de rua são negras, o que aponta para um longo processo de injustiça social, fruto dos quase 400 anos de escravização das populações negras trazidas das nações africanas e a forma como feita a abolição: sem nenhuma política de inclusão social e reparação histórica com o povo negro e seus descendentes.
Se estar nas ruas já traz várias vulnerabilidades em geral, no feminino estas vulnerabilidades se avolumam, pois além de todas as violências possíveis, mulheres sofrem especificamente violências físicas de seus parceiros, bem como sexuais.
Nesta live, abordamos as histórias de vida de meninas e mulheres que estão em situação de rua em uma grande capital brasileira. Nossa convidada especial foi Iara Flor Richwin, psicóloga, mestra e doutora em Psicologia Clínica e Cultura/UnB e atual pós-doutorando do Programa. Seu tema de pesquisa é mulheres em condição de rua. Na etnografia e nas entrevistas destacaram-se, primeiro, as violências de gênero que servem como fatores precipitadores para que a rua seja ressentida como um lugar de"alívio" para essas mulheres: a) quando ainda meninas, violência doméstica e familiar do pai contra a mãe, abuso sexual e estupro infantil; b) quando adultas, sobretudo a violência recebida por parceiro íntimo. Além disso, também, ficaram evidentes as violências estruturais, que colocam as mulheres em uma situação de uma vulnerabilidade ainda maior: a dificuldade de acesso não apenas a empregos, quando se mora nas ruas, mas mesmo a "bicos" ("quem vai deixar eu ser babá do filho dela se eu moro na rua?"). Terceiro, foram apresentadas as violências cotidianas a que estas mulheres são submetidas por se encontrarem na situação de morarem na rua.
Por fim, nas entrevistas, destacou-se o sofrimento dessas mulheres no campo amoroso, apontando para o funcionamento do dispositivo amoroso em sua especificidade: ter um homem, nas ruas, além de ser identitário para elas, é ressentido como um fator de proteção (contra outros homens), ainda que o companheiro seja um agressor.

Пікірлер: 32
@Atenais
@Atenais 2 жыл бұрын
Tô maratonando todos os vídeos do canal da Valeska e cada vídeo é uma pedrada. Este canal deveria ser obrigatório para todas as mulheres.
3 жыл бұрын
Mais uma oportunidade de assistir e aprender com vcs ❤️
@ALINE-jq7wg
@ALINE-jq7wg 3 жыл бұрын
Que horror! Como podemos ser tão passivos em relação a isso. Precisamos agir mais, falar mais, nos envolver mais
@RosaneW1
@RosaneW1 3 жыл бұрын
O que seria de nós, mulheres, sem o sopro que as pesquisas sobre gênero interpoem. Muito boa explanação.
@aldecicosta60
@aldecicosta60 3 жыл бұрын
Excelente trabalho!! Porém extremamente triste ouvir tantas histórias como essas!!
@LucianoSilva-kf2qm
@LucianoSilva-kf2qm 3 жыл бұрын
Muito triste a realidade dessas mulheres. O trabalho de vocês é muito importante. A sociedade deve ter um cuidado especial com a mulher (e as pessoas em geral ) em situação de rua. Parabéns pela pesquisa e divulgação!
@Drikissima91
@Drikissima91 Жыл бұрын
Situacoes de extrema violencia. Importante conhecer o lado delas para podermos ajudar da forma que podemos, e ao mesmo tempo pressionar o estado por melhores politicas publicas de assistencia e promocao social.
@mellizecardoso2355
@mellizecardoso2355 3 жыл бұрын
Maravilhosa sua pesquisa, Iara! Obrigada pelo trabalho, sensibilidade e dedicação, e também por compartilhar !! 🙌🏻
@rosanarodrigues8363
@rosanarodrigues8363 3 жыл бұрын
Caramba, houve um empenho significativo p desenvolver a pesquisa.
@marcustattooart3031
@marcustattooart3031 3 жыл бұрын
Ótimo trabalho e muito importante. Obrigado pelo tempo que vocês dedicam em abordar assuntos que ninguém quer abordar para nos ensinar questões que são invisibilizadas pelo sistema.
@debora3000
@debora3000 3 жыл бұрын
Trabalho espetacular. Parabéns.❤️
@luizasombrio4676
@luizasombrio4676 3 жыл бұрын
O Brasil também é um país machista 🤷🏿‍♀️ não há apenas homens machistas mas também mulheres machistas 🤦🏿‍♀️
@amandaalves9740
@amandaalves9740 3 жыл бұрын
Muito obrigada por compartilhar sua pesquisa!
@elizfidelis6392
@elizfidelis6392 7 ай бұрын
Eu aprendi demais! Ual
@glaucienecarvalho7153
@glaucienecarvalho7153 3 жыл бұрын
Espero que o riso seja de nervoso... Seu trabalho é maravilhoso👏🏻👏🏻👏🏻
@elianamesquita7870
@elianamesquita7870 3 жыл бұрын
Triste saber de tantas histórias que poderiam ter sido evitadas, enquanto isso, a Ministra da mulher diminui as verbas que poderiam mudar o curso de tudo isso.
@nadjaramosdeavilaavila8091
@nadjaramosdeavilaavila8091 3 жыл бұрын
Parabéns! Trabalho excelente👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
@lobaok
@lobaok 3 жыл бұрын
Obrigada por compartilhar as informações da pesquisa. Realidade mt triste e indignante.
@iranimonteirolino888
@iranimonteirolino888 3 жыл бұрын
9
@anaesquiso8208
@anaesquiso8208 3 жыл бұрын
Muito bem explanado. grata
@porto_madge
@porto_madge 3 жыл бұрын
Parabéns pelo trabalho e pela apresentação. Uma realidade que precisamos conhecer.
@juliameirelles2144
@juliameirelles2144 3 жыл бұрын
Estou aprendendo muito com as lives. Quase mudando de área... rs Gostaria de saber qual a melhor forma de ajudar estas mulheres em situação de rua. Alguma indicação de ação ou ONG?
@mislane2012
@mislane2012 3 жыл бұрын
Procure serviços de mulheres, como centros de referência da mulher na sua cidade. É parte das políticas públicas e precisamos de voluntários, uma vez que, apesar de serviços ótimos, estão (e são propositalmente) sucateados....
@rhaissadesouza3796
@rhaissadesouza3796 3 жыл бұрын
Que assunto pesado! Meus Deus, estou em choque! Já imaginava o sofrimento dessas mulheres mas depois dessa pesquisa, fiquei ainda mais impressionada. Como pode uma situação tão grave ser tão invisível pelo Estado? 😭
@raquelferreira4079
@raquelferreira4079 3 жыл бұрын
Muito triste!!! Como diz a primeira dama, Bia Dória: "as pessoas gostam muito da vida livre das ruas"
@celiasilva7304
@celiasilva7304 3 жыл бұрын
Muito obrigada por todos os vídeos Valeska, mestrandeS e DoutorandeS!!! Esse me impactou por demais! Duas perguntinhas: Como com tamanhos sofrimentos, sair desse espaço perturbador ir pra nossa casa, no quentinho aconchegante sem surtar? Quais ações a Iara conseguiu implementar para suavizar um pouco o sofrimento dessas mulheres?
@leniguedesguedes6076
@leniguedesguedes6076 3 жыл бұрын
Boa noite!Conheco seu trabalho através do canal Soltos, amei a perspectiva de sua análiae das relações amorosas.Agora vou amratona aqui no seu canal.Por favor vc citou uma frase de um livro na entrevista do Soltoa, vc pode me informar o nome do livro e o autor: a frase era sobre os homens serem educados para amar várias coisas e as mulheres serem educados para amar os hoemens.Gratidão.🙏
@valeskazanello7636
@valeskazanello7636 3 жыл бұрын
Esta ideia está no meu livro “Saúde mental, gênero e dispositivos”! 😉
@juliamelo2191
@juliamelo2191 9 ай бұрын
😢👏👏
@taiguani1937
@taiguani1937 2 жыл бұрын
Podia falar de pessoas trans na prateleira do amor
@dilareis5037
@dilareis5037 3 жыл бұрын
Trabalho incrível, não tinha a dimensão de quantas camadas de sofrimento há na vida das mulheres em condição de rua. Só faço uma consideração para Iara: alguns momentos da sua explanação vc solta uma risadinhas (talvez de nervosismo ou talvez pra mostrar o quão bizarros são algumas situações que seriam cômicas se não fossem trágicas), mas que não agrega muita validação aos sofrimentos de mulheres sobre os quais vc relata . Aí fica uma expressão estranha meio fora do contexto discutido. É só uma sugestão pra vc pensar, mas q não diminui em nada a densidade e pertinência do seu trabalho. Parabéns.
Guarda compartilhada a despeito do desejo da mulher
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