Daniel , como sugestão , acho que seria interessante vc. fazer uma live introdutória sobre o que é o Estruturalismo.
@luanafonso9689 Жыл бұрын
Excelente!
@iluminismoposmoderno Жыл бұрын
Obrigado
@davicastilho56924 ай бұрын
Existe diferença entre pós-modernismo na história e na filosofia? Tipo, historicamente falando, estamos na pós-modernidade? Ou não? Ainda fico confuso com esse tema rs
@igorferreira69312 ай бұрын
up
@cristovoaguiar4 жыл бұрын
Achei essa aula bem densa, não sei se entendi então vai a pergunta: Grosseiramente falando, ele define pós modernidade como uma teoria filosófica com o objetivo de questionar valores clássicos ou morais pré estabelecidos e reproduzidos, enquanto o pós modernismo é a "manifestação" cultural, que pode ou não ter o embasamento teórico/filosófico da primeira definição?
@iluminismoposmoderno4 жыл бұрын
Sim. A pós-modernidade é mais obra de uma série de pensadores a partir da constatação que fazem de que conceitos filosóficos como verdade, objetividade, identidade, etc.; carecem de novas explicações, novas abordagens. Trata-se também de recusar os grandes sistemas, as verdades dogmáticas, as metanarrativas e mais uma série de coisas que eram bem populares na modernidade. Já o pós-modernismo consiste em uma série de manifestações artísticas e culturais que, a partir das condições culturais e materiais do capitalismo tardio, emergem de maneira espontânea. Não precisa ter um fio condutor para isso. Conforme o mundo fica demasiadamente globalizado e interconectado, não tem mais como termos uma existência cultural como tínhamos antes. Nós agora somos deparados com uma quantidade tão grande informação e cultura que é quase inevitável que isso cause mudanças drásticas na nossa cultura. Temos cada vez mais diferentes tribos e identidades nascendo. Isso gera tensão, mas tampouco é algo que pode ser freado. Eu diria que o pós-modernismo é multiculturalista. Agora, se vamos classificar tudo isso como bom ou ruim são outros quinhentos. Eu vejo muita coisa boa e muita coisa ruim surgindo. A grande questão, para mim, é que gostemos ou não, não temo como voltar ao passado. Podemos achar o "mundo líquido" é indesejável. Mas a solidez do passado também trazia consigo graves problemas, talvez ainda piores.
@cristovoaguiar4 жыл бұрын
@@iluminismoposmoderno Show, professor! No último bloco da sua resposta, lembrei de um professor de história que eu gosto muito e tem até canal aqui no YT, o Felipe (xadrez verbal, e nerdologia) diz muito que a história não tem botão de reset. Dentro disso, muitos "ismos" se não tiverem na sua essência original o ódio, a coerção, a dominação, o assassinato, etc; entregarão boas e más reflexões.
@iluminismoposmoderno4 жыл бұрын
@@cristovoaguiar Também gosto de Xadrez verbal e nerdologia e concordo: sem botão de reset. Mas dá pra aprender com a história pelo menos? Pelo menos para não reproduzir os mesmos erros. Infelizmente, temos memória curta. Já assistiu o filme "A onda"? É muito interessante quando a sua indagação é "repetir os erros do passado". E ele ilustra muito bem essa questão do ódio e da dominação, inclusive como fenômenos que surgem de maneira bem espontânea a partir de grupos que se consideravam completamente inatingíveis por eles.
@cristovoaguiar4 жыл бұрын
@@iluminismoposmoderno A onda é ótimo. Embora o experimento tenha sido feito por um professor no EUA, a versão americana do filme eu achei ruim, gostei da versão alemã de 2008. "Aprender com o passado" e não só com o passado, mas com a observação e os questionamentos dos comportamentos sociais. Acredito que essa é a grande jóia da área de humanas e das ciências sociais.
@atilafazzi70764 жыл бұрын
Seu canal é muito bom, tenho estudado PoMo faz alguns anos já e aprecio seu canal. No entanto sinto que por seus vídeos serem muito curtos voçê tem que simplificar bastante os temas, chegando até a prejudicar em alguns momentos. Entendo que não cabe a mim demandar de você vídeos mais longos, longe disso, mas é algo que acho válido te deixar ciente. Não sei você conhece mas tem um canal chamado Cuck Philosophy que ele aborta bastante também o tema de Postmodernism, recomendo.
@iluminismoposmoderno4 жыл бұрын
Fico muito feliz que esteja curtindo o canal. De fato, vídeos curtos acabam não permitindo um aprofundamento maior e eu estou ciente disso. É uma opção por se adaptar ao formato do youtube, pelo menos nesse momento. Eu crio playlists e lanço vários vídeos aos poucos. A ideia é que os vídeos sejam autossuficientes para quem quiser uma noção básica de algo, mas o aprofundamento viria ao assistir os vários vídeos em sequência. Claro que estou sempre questionando e buscando experimentar também. O canal ainda está começando, quase ninguém conhece. Talvez mais no futuro, se tiver um maior engajamento, seja possível aulas mais longas, talvez até fazer umas lives sobre temas específicos. Mas enfim, não paro de pensar e refletir sempre sobre o formato e os rumos no canal, então é sempre bom esse tipo de feedback. Agradeço muito. Vou pesquisar o canal que você recomendou assim que responder os comentários aqui, hehe.
@alyssonpaiva7003 Жыл бұрын
Deve ser por isso que o Bauman dizia ser Filósofo da Pós Modernidade e não Filósofo Pós moderno. Se estou entendendo direito, o que a Filosofia Pós Moderna defende seria uma Ciência mais humilde, mais ciente de suas limitações. A Ciência e a Filosofia avançaram ao longo da História, mas se apegaram a convicções, no sentido citado por Nietzsche (creio eu). A Pós Modernidade enquanto movimento cultural, acabaria por seguir meio por conta própria, daí talvez o problema de tratar as duas coisas da mesma maneira. Me lembra um pouco o que acontece hoje com esse monte de gente que usa a palavra "quântico" pra um monte de coisa que nada tem a ver com o conceito da Física.
@mauricio58854 жыл бұрын
Não li esse livro, nem curso filosofia, mas pela sua descrição acredito que seja uma leitura acerca da pós-modernidade por uma ótica marxista. Os marxistas sempre fizeram essa associação colaborativa entre a pós-modernidade e a globalização do capitalismo. Particularmente a pós-modernidade me incomoda por algumas razões que vou aqui desabafar aproveitando que você parece ser alguém com esforço de imparcialidade, com todo o respeito possível é claro, apesar de eu não a vê-la como totalmente ruim. O problema maior que eu vejo é a utilização dela dentro das mobilizações decoloniais que vou compartilhar aqui nesta reflexão. A ciência iluminista e positivista posteriormente trouxe problemas, as armas da primeira e segunda guerra estão na história junto com as teorias eugenistas, higienistas e escravocratas para provar seus problemas, além de outros problemas. Apesar disso, vejo que a ciência iluminista e positivista, no campo da empiria e metodologia das ciências, tiveram e ainda possuem certa importância inegável e mesmo que a pós-modernidade implique com a ciência do passado, anterior ao maio de 68 - vamos colocar assim - os intelectuais de hoje alinhados às mobilizações fazem uso dos teóricos que faziam tais críticas como Derrida, Foucault e do desconstrutivismo pós-estruturalista para problematizar absolutamente tudo que conseguem ver como algo estrutural e quando não há um problema bem evidente, interpretam-no de forma muitas vezes bem subjetiva. Isso tudo porque se convencionou que a ciência naturalista e metafísica não existe mais, como se tudo fosse linguagem, tudo virou "letra" "interpretação" Para se ter uma ideia, existe já hoje acadêmicos que escrevem artigos a fim de problematizar até o simples uso de conceitos, tal uso visto como problema eurocêntrico. O lugar de fala da Djamila Ribeiro por exemplo, é interpretado e usado pelas mobilizações como um novo dispositivo de poder para na prática "mandar os outros calarem a boca" sobre algum assunto que não condiz com o próprio corpo, mesmo que seja dentro de uma sala de aula, assim um professor homem, cis, branco, não pode se quer falar ou tentar ensinar seus próprios alunos sobre racismo, homofobia, feminicídio... é complicado isso sabe? E o problema não está nas nobres justificativas éticas tanto das teorias como das mobilizações que tem como objetivo criar um mundo melhor, sem preconceitos e sem os dispositivos de poder construídos historicamente pela ciência iluminista e por isso não vejo a "Pós-modernidade" como totalmente ruim, muito pelo contrário, acho que ela seja necessária e importante sobretudo hoje em dia em países como o nosso recordistas em necropolítica, feminicídio, assassinato de gays e racismo estrutural. A minha crítica é a falta de bom senso e sobretudo "desonestidade" na apropriação que as pessoas fazem das leituras teóricas para utilizar com o vizinho, colega de turma, professor, tio mais velho, avó do namorado...as pessoas comuns que obviamente foram construídos numa cultura opressora e não tiveram educação para reconhecer tudo que reproduzem de mal mas sofrem preconceito de uma juventude desconstruída ageísta, que chamaria meu texto aqui de algo escrito por um "baby boomer" por exemplo. Assim, as pessoas passaram a se apropriar da crítica à ciência iluminista, oriunda de teorias predominantemente francesas e europeias para aplicá-la numa sociedade repleta de moral cristã, com histórica tendência conservadora liberal, com uma educação frágil em pleno terceiro mundo, completamente incompatível. E quando eu falo de forma "desonesta" é porque percebo que a verdade é que não há mais a preocupação em desconstruir nada, me parece que a grande maioria de jovens que pegam pra ler vigiar e punir só querem fazer uso da tendência popular desse espírito do momento para se dar bem fazendo mais amigos jovens ou para monetizar mais inscritos com o canal no youtube (vejo que não é o seu caso) ou para fazer parte de um grupo, de forma resumida: se auto promover por meio de discursos de natureza correta e ética dessa "nova "moral vigente e subversiva". Tal "desonestidade" evidencio quando noto em congressos e falas sobre machismo, homofobia, racismo, ou nas próprias mobilizações a falta de qualquer projeto ou fala sobre o papel da educação, pouca gente ligada a isso fala de educação, já notou? Essas mobilizações deveriam idealmente servir principalmente em pedido ao estado, para ganho de novas leis que protegesse melhor todas as classes e através da educação desconstruir o preconceito e opressão cultural da sociedade, de modo a construir cidadania, função das escolas e da educação pública. Contrariamente, as apropriações teóricas da pós-modernidade é mais usada como uma espécie de "radar agressivo" ligado vinte quatro horas contra pessoas ao redor que mal entendem nada sobre seus próprios preconceitos, e um radar diga-se de passagem com uma "sensibilidade de detecção quase nula dependendo do radicalismo da pessoa". Foi esse uso e apropriação sem barreira e limite que incomodou profundamente toda uma classe social conservadora, com mais de 35 anos, trabalhadora e que teve como consequência a ascensão de políticos ao poder que representam ideias reacionários, retrógradas, neoconservadoras como Donald Trump e Jair Bolsonaro, só para citar dois exemplos do TIRO NO PÉ que isso foi e vem sendo Afinal de contas, é aquilo, ódio só gera mais ódio, países como o Brasil e os EUAs não é a França ou Holanda dos filósofos rebeldes, aqui é um terceiro mundo roots, o buraco aqui é mais em baixo, aqui a desconstrução só será efetiva quando estiver alinhada às políticas educacionais, mas o pessoal não liga para as escolas, pois são também estruturas de poder né... percebe? A teoria é uma, a prática é outra em seu contexto social. Outro problema é que falam em em ecologia dos saberes, diversidade, pluralidade... mas a ciência é tirada dessa tal lista de pluralidade, junto com os conservadores, cristãos entre outros que para esses a única saída que sobra de desconstrução é pela agressividade, é uma nova hermenêutica da suspeita ligada a todo momento, seja no bar ou na universidade, as pessoas são vigiadas e punidas agora "pelas minorias" que crescem. Outro problema é que a outrora autoridade do pesquisador e de sua titulação para escrever ou explicar sobre algum tema parecem hoje, por questões éticas, serem vencidos e substituídos pela verdade de qualquer outra pessoa sem um pingo de leitura ou pesquisa. Vejo cada vez mais pessoas nas redes sociais e lugares públicos "dando de dedo na cara" de historiadores com doutorado afirmando que o nazismo é de esquerda, ou que a Terra é plana. A palavra de um professor ou pesquisador hoje em dia parece não ter valor tanto por parte de uma esquerda que bate dia sim, dia não na ciência como por uma direita negacionista, fundamentalista que cria falsa excludência entre ciência e religião. Por mais que a pós-modernidade seja baseada mais nas críticas à moralidade e à ciência iluminista e não a ciência atual, é perceptível para eu, assim para outros descontentes, que aquelas críticas do passado à ciência iluminista vem influenciando na abertura de todos esses problemas que citei nesta reflexão acima. A pós modernidade assim parece caminha num pisar em ovos no escuro, acho que sua superação está mais próxima do que imaginamos, tal como foi a mudança de 68 pra cá eu percebo que já existe uma guinada, ou melhor, mudança de foco. A tendência das pesquisas de agora em diante acredito que será em analisar o impacto de toda essa pós-modernidade no século XXI que trouxe a internet e deu a voz a todos os indivíduos, é uma nova dinâmica no uso disso tudo. Um abraço e desculpe pelo longo texto. Um abraço.
@iluminismoposmoderno4 жыл бұрын
Olá amigo, agradeço pelo comentário e as observações. Vou tentar captar a essência do que você escreveu e responder a ela, porque ponto por ponto seria inviável. Ao meu ver, você entende a pós-modernidade como em conflito com os ideais da ciência e do Iluminismo. Essa é a visão mais clássica sobre a mesma e eu confesso estar tentando superar ela nas minhas pesquisas. Na minha opinião, o Iluminismo e o cientificismo nasceram sobre bases que se fosse mantidas, significariam suas ruínas. Foi através da capacidade de adaptação que o Iluminismo e a ciência puderam, de maneira modificada, serem mantidos. Neste sentido, a ideia central é justamente a de que questionar os modos tradicionais de vermos a objetividade, a verdade e a ciência é um modo eficaz de salvar tais conceitos. Porque os iluministas acreditavam que a ciência e a razão iriam salvar a humanidade, que somos seres racionais e propensos a serem governados por ambas. O que a pós-modernidade sempre veio nos mostrando é que é justamente o oposto, somos seres passionais, somos apegados aos valores nos quais fomos criados (ou quando os renegamos, viramos apegados aos valores opostos), somos identitários e nos recusamos a sermos colonizados pela lógica da ciência e do racionalismo. O próprio racionalismo e cientificismo já são a projeção de certos valores etnocêntricos de uma cultura que se não sabe se colocar no lugar e considera-se universal. Então, ao meu ver, a pós-modernidade é mais uma maneira de tirar a ciência e a razão das pretensões metafísicas que elas tinham mais por hábito de uma época do que por motivos racionais e cientíicos. A partir disso, quando a ciência e a razão caem do pedestal, lhes é dada a oportunidade para se tornarem práticas realmente humanas. E as ferramentas que a cultura hegemônica utilizou para se tornar hegemônica, passam a ser usadas como armas pelos grupos mais identitários, mais baseados em uma contestação do status quo. Quando você diz que esses grupos frequentemente adotam comportamentos que nos levaram a eleger Trump ou Bolsonaro, eu entendo e até compartilho um pouco disso, embora precise fazer a ressalva que o conjunto de forças que nos levaram a isso é bastante complexo e plural. Não existiu um único motivo e existem forças bem mais fortes envolvidas nesse fenômeno. Mas neste caso em questão, trata-se da tensão entre o antigo e o novo. Se é verdade que muitas vezes as lutas por identidades raciais, de gênero e sexualidade geram uma tensão social que fazem com que a parcela mais conservadora da sociedade reaja de maneira incisiva, gerando a eleição de líderes que não irão contribuir muito para com nossa evolução em sociedade, também é verdade que frear estas forças identitárias seria ainda pior, pois significaria estar adquirir a consciência que nós temos das inúmeras opressões que existem e escolher deliberadamente não fazer nada. Não é uma opção entende? As lutas vão necessariamente se intensificar. O identitarismo gerou um problema sim. Mas não tem como voltar atrás para um mundo no qual essa consciência identitária não existia, em nome de não irritar um eleitorado conservador para evitar o risco de eleger populistas de direita que se aproveitam desse ódio. Sobre o século XXI, eu sou bastante influenciado por Sapiens, Homo Deus e 21 lições para o século XXI do Harari. Acho que não só não temos como pensar com as categorias do passado, como o futuro será tão diferente do que somos capazes de imaginar que precisamos intensificar ainda mais a compreensão pós-moderna do mundo. Se a gente acha que tudo flui, espera pra ver as próximas décadas. As descobertas científicas estão crescendo de maneira progressiva. A ciência moderna mal começou e somente agora ela está começando a se livrar de seus resquícios modernos ingênuos. A maior parte das nossas crenças está se tornando obsoleta para o futuro em que iremos viver. Justamente por isso eu não vejo incompatibiidade entre ciência, razão, iluminismo e pós-modernidade. Pelo contrário, vejo a pós-modernidade como uma constatação do caminho em que o mundo está seguindo. Isso com todos os riscos que corremos, com todo o pessimismo que pode vir disso, mas também com todas as descobertas maravilhosas e todo o potencial otimista que podemos extrair disso.
@mauricio58854 жыл бұрын
@@iluminismoposmoderno Daniel obrigado pela resposta, eu escrevi um texto longo e bem ruim, vou tentar sintetiza-lo a partir de algumas dúvidas que tenho e gostaria que você, se possível me explicasse: 1) A pós-modernidade embora critique a meta-narrativa consegue abandoná-la? Nesse ponto, as mobilizações de certa forma, não projetam uma meta de sociedade melhor? 2) A pós-modernidade nasceu a partir da crítica às noções de projeto, fossem do iluminismo com sua ciência e projeto ou dos estados autoritários formados pelos projetos comunistas, defendendo então uma "luta para o aqui e agora". Sendo assim, você acha que é possível desconstruirmos as opressões construídas culturalmente na sociedade somente "pelo grito" sem estar de mãos dadas com projetos políticos, sobretudo da educação como é notável dentro das mobilizações? 3) Pelo fato da Pós-modernidade "evitar" as metanarrativas e ter um caráter justificativo bastante ético e bom para a sociedade além de ter uma luta "presentista", não te parece que seu teóricos possuem uma indisposição, "rigidez" para se aprimorar ou bastante dificuldade em realizar auto-críticas, ou mesmo recebe-las muitas vezes sem interpretá-las como opositoras a todo o objetivo da pós-modernidade, nesse sentido, a pós modernidade não estaria enfrentando dificuldades em se adaptar com as mudanças do século XXI? 4) Pra finalizar, os teóricos pós-modernos excluem o que a ciências iluminista e metódica contribuíram de bom para o mundo e a ciência? Me parece que não, mas eu não tenho certeza. Obrigado.
@iluminismoposmoderno4 жыл бұрын
@@mauricio5885 vou tentar responder suas perguntas, que são bastante pertinentes, diga-se de passagem. 1 - A pós-modernidade é uma "incredulidade perante as metanarrativas". Eu gosto da palavra incredulidade, embora prefira "ceticismo", porque deixa claro a desconfiança e não a rejeição categórica. Rejeitar categoricamente as metanarrativas implicaria em cometer o mesmo erro dogmático das mesmas. Entenda que a modernidade com suas metanarrativas não visava uma sociedade "melhor" e sim buscava encontrar o modo "correto", "certo" e "definitivo" pelo qual deveríamos nos organizar socialmente. É isso que a pós-modernidade rejeita. Na verdade, uma sociedade "melhor", para um pós-moderno, é tudo o que podemos buscar. Não sabemos se conseguiremos umas sociedade cooperativa como gostariam os comunistas e anarquistas, mas sabemos que podemos ser mais cooperativos do que somos. Não sabemos se um dia seremos totalmente livres, mas podemos ser mais livres do que somos agora. E por aí vai. 2 - Pelo grito a gente não vai construir nada. É necessário estar sempre lado a lado com os melhores projetos e propostas de mudança social existentes. O que diferencia um pós-moderno, de um marxista ou um liberal, por exemplo, é que enquanto estes buscam as mudanças tendo em vista o mundo já projetado que buscam alcançar, os pós-modernos podem se inserir em lutas com os mesmos, entendendo que a cada luta mudam as condições, mudam os objetivos, mudam as percepções. Nesse sentido, precisamos combater a fome, a miséria, as doenças e a ignorância. Como iremos erradicar isso? Será com uma melhor distribuição de renda ou com uma nova descoberta tecnológica? Eu não faço ideia. Qualquer um pra mim serve, contanto que alcance os objetivos. Estaria disposto a apoiar qualquer projeto plausível acerca disso. 3 - Não sei se posso falar por muitos autores pós-modernos. Não conheço de maneira suficiente a obra da maioria. Falando por Foucault e Rorty, por exemplo, eu vejo grande auto-crítica na obra de ambos. Acredito que seres-humanos são difíceis independente de suas posições filosóficas, então imagino que seja possível que muitos pós-modernos tenham dificuldades com auto-crítica, mas acho que isso valeria para modernos também. Agora, eu diria que os modernos são mais propensos a achar que as críticas são opositoras ao seu projeto. Os modernos possuem projetos bem-definidos, os pós-modernos não. Já vi marxistas dizendo que tal medida de bem-estar social é indesejável porque ela coloca os trabalhadores em melhores condições e isso os afasta da revolta do proletariado. Acho que os pós-modernos estão mais propensos a aceitar as mudanças em pequenos âmbitos e isso os torna mais flexíveis e adeptos a mudanças. 4 - Eu diria que não. Inclusive, criei o canal com o nome de "Iluminismo pós-moderno" justamente porque acredito que a ciência e a razão devem ser reinterpretadas em bases pós-modernas, e não abandonadas. Veja bem, a razão e a ciência podem ser opressoras. Os pós-modernos não cansam de apontar isso. Mas o próprio Foucault vai reconhecer que a desrazão (e porque não a ignorância científica) pode ser ainda mais opressora. Então, criticar a ciência não me parece um abandono, pelo contrário, é com críticas construtivas que qualquer coisa evolui. A ciência pode destruir o mundo, mas também pode salvar o mundo. Tudo depende de como iremos direcioná-la. Agora, você vai encontrar muito por aí pessoas que interpretam a pós-modernidade como uma negação da ciência e da razão. Um dos motivos de eu criar esse canal é para me opor a isso. Algo que precisa ser considerado é que nós ainda vivemos uma ciência e uma razão muito eurocêntricas, construídas e idealizadas nos moldes imperialistas. Então a transição para uma visão pós-moderna das mesmas é bastante difícil. Deu até vontade de reler Boaventura de Souza Santos, hehehe.
@mauricio58854 жыл бұрын
@@iluminismoposmoderno interessante que eu sempre vi os pós-modernos como mais inflexíveis por conta do caráter ético que suas teorias e mobilizações sao justificadas, eu sempre achei que isso fosse uma cilada por ofuscar as falhas e melhorias que pudessem ser sugeridas. Me parece um progressismo, um ideal tão eticamente bem justificado que vira meio que "o que "fizermos pra desconstruirmos tá certo" , o que de certo modo talvez não seja muito diferente do que pensavam os marxistas revolucionários sobre suas certezas práticas pelos seus ideais. Obrigado pelas respostas e vejamos a configuração desse século XXI. Eu espero que tenhamos uma sociedade mais humana, mais educada, consciente, esclarecida, menos egoísta, menos preconceituosa. Concordo com os ideais da pós-modernidade, o que discordo, ou melhor, sou na verdade cético com relação aos modos como ela pretende construir tais avanços, acho que precisa melhorar e vejo que o presentismo pragmático e ético ofusca tal necessidade. Assim, acho que entre os críticos dela e seus defensores oprimidos há uma interseçcão que é melhor que os dois lados separados. É nesse local que prefiro me posicionar pelo menos por enquanto, onde eu possa pegar o melhor dos dois lados, o que há de ético, ideal mas também que possa agregar melhorias para deixar tudo mais praticável, efetivo e adaptável ao contexto do Brasil do século XXI ou onde quer que seja, ou com quem seja que tentemos desconstruir. Obrigado pelas suas respostas. Um abraço.