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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) participou de um ato pró-armas, em Brasília, neste domingo, 9. Durante o evento, o parlamentar chamou atenção ao comparar professores “doutrinadores” com traficantes de drogas. “Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar os nosso filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior”, disse o filho do ex-presidente da República, que discursou em cima de um carro de som.
Isto não é Filosofia
há 2 meses (editado)
NEUTRALIDADE E IMPARCIALIDADE
Quero compartilhar com vocês um comentário que fizeram no Núcleo de Formação Filosófica, na aula de Descartes e Bacon:
"Para manter a neutralidade deveria ter utilizado uma foto onde aparece um destes políticos "lendo" o papel de ponta-cabeça. Assim, debochando de ambos, a imparcialidade se manteria. Mas convenhamos: são mais de 100 aulas, uma escorregadinha haveria de ter."
E qual foi minha resposta? Transcrevo-a a seguir. Ela serve para todos aqueles que pertencem ao Núcleo ou que planejam entrar. Esse é um dos meus valores fundamentais. Você deve considerá-lo caso decida permanecer ou entrar. Aqui vai.
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Neutralidade não existe por dois motivos.
1. Todos temos valores, a partir dos quais filtramos a realidade. Seres biológicos e culturais que somos, aprendemos a lidar com a realidade a partir de preferências, isto é, de o que nos atrai e de o que nos causa repulsa. Isso no nível mais básico. Mas o mesmo padrão é verdadeiro para níveis mais complexos. Nossa visão de mundo faz com que, de acordo com nossas preferências valorativas, concebamos a realidade deste ou daquele modo. Eu nunca escondi, por exemplo, que sou ateu e de esquerda social-democrata. Todas as aulas vem deste sujeito aqui, encarnado num corpo, situado num canto do mundo, com determinada formação e modo de compreender a realidade. Isso, aliás, me conduz para o segundo ponto.
2. Todos concebemos a realidade a partir de determinadas perspectivas, não a partir do seu todo. Só um ser seria capaz de assim fazê-lo: Deus. A "perspectiva do olho de Deus", como diz o filósofo Hilary Putnam, só é dada mesmo a Ele. Reitero: vejo o mundo a partir da minha situação, que envolve a época em que nasci, a sociedade em que vivo, meu temperamento, meu repertório adquirido. Por maior que seja esse último, ainda assim me faltará a onisciência -- o que me traz de volta ao ponto inicial: eu não tenho o "olho de Deus", logo minha visão é necessariamente parcial.
Sendo assim, você jamais deve exigir de mim, nem de niguém a tal da neutralidade, nem da imparcialidade. O que você deve exigir de mim é honestidade intelectual. Mas o que é honestidade intelectual? Também a desdobro em dois elementos:
1. Explicitar os próprios valores e as próprias perspectivas, porque todos tem valores e perspectivas. Mesmo aquele que nega, no máximo, ignora que os têm. Negar isso, novamente, é negar a condição humana de ser não só biológico, mas cultural. E, enquanto ser cultural, um ser de valores e de perspectivas.
2. Não deturpar os valores e perspectivas alheios. É o que tento fazer quando a cada aula me esforço para não só expor a ideia do filósofo, mas defendê-la. Faço isso com os cristãos, mesmo sendo ateu, e com os conservadores, mesmo sendo de esquerda. Não consigo fazer isso sempre, porque é humanamente impossível.
Você quer um sinal de que está diante de alguém desonesto intelectualmente? É só perceber se essa pessoa se vende como neutra ou imparcial. Eu não me vendo assim.
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